Carraças em gatos: causas, prevenção e tratamento

Se o seu gato gosta de explorar o exterior, é provável que um dia acabe por apanhar uma carraça. Saiba, neste guia, tudo sobre carraças em gatos: como identificá-las, removê-las em segurança, os perigos associados e as melhores formas de prevenção.
As carraças são pequenos parasitas que se agarram ao corpo do gato e alimentam-se durante vários dias se não forem removidos. Por isso, é importante detetá-los o mais cedo possível, para evitar dor e desconforto, e para reduzir o risco de transmissão de algumas doenças infeciosas que podem transportar.
Se já encontrou uma carraça no seu gato, pode estar a perguntar-se como removê-la sem causar dor ou deixar partes do parasita presas na pele. Por isso preparámos este guia útil para explicar como retirar uma carraça do seu gato de forma segura e correta.
O que são carraças?
As carraças são parasitas. Mordem sob a pele do gato e sugam sangue. Antes de se alimentarem são minúsculas, têm oito patas e podem ser pretas, castanhas, vermelhas ou cor de areia; depois de fixadas, podem inchar até ao tamanho de uma ervilha à medida que se enchem de sangue. Tecnicamente são aracnídeos (não insetos) — ao contrário das pulgas. Podem transmitir agentes patogénicos ao animal de que se alimentam; por isso, a prevenção de carraças em gatos é uma medida importante nos cuidados felinos.
Tipos de carraças em gatos
Existem dois grandes grupos de carraças: duras e moles.
- As carraças duras costumam parecer uma semente de girassol e têm um “escudo” rígido logo atrás das peças bucais. São o tipo mais comum de carraças em gatos.
- As carraças moles assemelham-se a uma passa. Normalmente não aparecem nos gatos, preferindo outros hospedeiros, como aves ou morcegos.
Como é o aspeto de uma carraça?
As carraças são pequenos organismos ovais, com oito patas, que lembram pequenas aranhas. Geralmente medem de 1 mm a 1 cm. Têm, muitas vezes, um corpo mais claro que aumenta e escurece à medida que se alimentam.
As carraças no gato são relativamente fáceis de identificar na sua pele e, ao toque, sentem-se como um pequeno caroço, que pode ser confundido com um inchaço. Vale a pena inspecionar o seu gato com regularidade.
Carraça alimentada vs. não alimentada
As carraças sofrem uma transformação visível depois de se alimentarem, e reconhecer a diferença ajuda a identificá-las:
- Uma carraça pequena é uma carraça não alimentada: pequena, achatada, oval, de cor castanha, castanho-avermelhada ou preta, muitas vezes não maior do que uma semente de sésamo. O corpo é fino e as patas veem-se bem de cima.
- Uma carraça alimentada (“ingurgitada”) muito maior e inchada; o corpo torna-se arredondado ou em forma de lágrima e ganha tons cinzentos, azulados ou verde-azeitona. Pode alcançar o tamanho de uma uva pequena e as patas ficam menos visíveis.
Se encontrar um caroço acinzentado bem preso à pele do seu gato, que não estava lá antes, pode tratar-se de uma carraça alimentada. Remova-a com cuidado e vigie a área.

De onde vêm as carraças?
As carraças preferem zonas com vegetação densa, como bosques, prados e jardins de quintas, sendo por isso frequentemente chamadas de carraças das ervas. São comuns em áreas com veados, ovelhas, ouriços-cacheiros ou coelhos. Os gatos apanham carraças com mais frequência na primavera e no outono, embora possam surgir durante todo o ano.
Como é que o meu gato apanha carraças?
- Outros animais: ao circular fora de casa, os gatos contactam com fauna diversa; as carraças podem passar facilmente de um hospedeiro para outro. Evite deixar comida no exterior, pois pode atrair animais à área do seu gato.
- Pessoas/roupa: após caminhadas em campos ou florestas, as carraças podem prender-se a roupa/cabelo e entrar em casa — mesmo gatos de casa podem ser expostos.
- Ambiente exterior: carraças conseguem sobreviver no ambiente e agarram-se ao pelo quando o gato explora.
Quais são os perigos das carraças no gato?
Algumas carraças podem transportar agentes causadores de doença. Exemplos descritos na literatura incluem:
- Febre Q: pode provocar febre alta, anorexia, depressão, abortos e, raramente, convulsões.
- Ehrlichiose: vómitos, diarreia, gânglios inchados, letargia, anorexia, dor articular, secreção ocular, entre outros.
O que precisa para remover uma carraça de um gato
- Uma segunda pessoa para manter o gato calmo.
- Luvas descartáveis (as carraças podem transmitir doenças a humanos).
- Uma ferramenta própria de remoção de carraças (à venda em lojas de animais; o seu veterinário também pode facultar).
- Toalhetes antissépticos adequados para gatos.
- Um recipiente pequeno para descartar a carraça.
- Desinfetante para limpar a ferramenta após o uso.
Como remover uma carraça de um gato (passo a passo)
Remover uma carraça pode ser delicado: é essencial retirar o parasita inteiro, sem deixar as peças bucais na pele, para reduzir o risco de infeção. Se tiver dúvidas ou dificuldade, procure o seu veterinário.
- Peça ajuda para manter o gato calmo; só comece quando ele estiver relaxado.
- Afaste o pelo à volta da carraça para ver claramente a zona.
- Opcional: humedeça a área com óleo medicinal ou azeite por alguns minutos; isto pode reduzir a oxigenação da carraça e facilitar a remoção.
- Coloque a ferramenta de remoção em torno da carraça, o mais junto possível da pele.
- Puxe e rode suavemente (sem apertar o corpo) até a carraça se soltar. Vá com calma.
- Confirme se as peças bucais vieram junto com o corpo. Coloque a carraça num recipiente e elimine em segurança (não deitar na sanita).
- Limpe a zona com antisséptico próprio para gatos.
- Descarte as luvas e lave as mãos.
- Desinfete a ferramenta.
Se não conseguir retirar tudo, ou se a pele ficar vermelha, inchada ou dolorosa, leve o gato ao veterinário.
Posso remover uma carraça de um gato sem pinça ou outra ferramenta?
Circulam muitos “truques” caseiros (queimar a carraça, usar vaselina para a “sufocar”, etc.), mas não são recomendados e podem causar acidentes, ruturas do parasita e maior risco de infeção (as carraças respiram poucas vezes por hora, pelo que a vaselina não resulta). Utilize sempre uma ferramenta própria ou peça ajuda ao veterinário.
Tipos de carraças em Portugal
Ixodes ricinus (carraça do veado): muito difundida; pode transportar Borrelia (doença de Lyme), Anaplasma, entre outros. Transmissão em gatos é pouco frequente, mas possível.
- Ixodes hexagonus (carraça do ouriço): comum em jardins/áreas com ouriços. Pode transportar bactérias como Mycoplasma; a doença em gatos é pouco comum.
- Ixodes canisuga (carraça do cão): mais típica em cães, mas pode fixar-se a gatos.
As doenças transmitidas aos gatos por carraças são raras, mas podem ocorrer. Os sintomas incluem letargia, febre, dor articular, perda de apetite; ocasionalmente podem evoluir. A remoção rápida e vigilância clínica costumam ser suficientes, e o seu veterinário indicará se há necessidade de exames.
Carraças nos gatos: zonas do corpo mais afetadas
As carraças não são esquisitas, mas preferem zonas quentes e de pele fina:
- Cabeça, em redor das orelhas, pálpebras e bochechas.
- Pescoço/linha da coleira.
- Axilas, virilhas e face interna das coxas.
- Almofadas plantares e entre os dedos.
Faça inspeções completas ao seu gato após tempo ao ar livre.
Prevenir carraças no seu gato
Se o seu gato anda no exterior ou vive numa zona com muita vegetação/fauna, faça verificações regulares como parte da rotina de grooming: passe as mãos pelo corpo, com atenção a cabeça, pescoço, orelhas e patas.
Existem tratamentos spot-on (muitas vezes combinados com antipulgas) que também protegem contra carraças; atuam no sistema circulatório e eliminam rapidamente o parasita quando este se alimenta. Algumas coleiras antiparasitárias também oferecem proteção, mas em gatos que passam muito tempo fora podem prender-se em ramos e representar risco — avalie com o seu veterinário.
FAQs sobre Carraças em gatos
Quais os sinais de que o meu gato tem uma carraça?
Pode notar um pequeno caroço elevado, inicialmente castanho-acinzentado, que aumenta até ao tamanho de uma ervilha. Procure vermelhidão e, por vezes, patas visíveis junto à pele.
Como afetam as carraças a saúde do gato?
Podem causar irritação cutânea, inflamação ou reações alérgicas. Em casos raros, transmitem doenças (ex.: Lyme, anaplasmose), com sinais como letargia, febre, dor articular, perda de apetite ou gânglios aumentados.
Gatos de interior podem apanhar carraças?
Sim. As carraças podem ser trazidas em roupa, calçado ou por outros animais. O risco é menor, mas convém verificar após visitas/saídas.
O que faço se encontrar uma carraça presa na pele do meu gato?
Use uma ferramenta própria (ou pinça de pontas finas) e agarre junto à pele. Com a ferramenta apropriada, puxe e rode suavemente; com pinça, puxe de forma lenta e contínua para cima. Limpe a zona e lave as mãos. Vigie 24–48 h; se houver mal-estar ou inflamação, fale com o veterinário.
E se encontrar uma carraça morta no meu gato?
Remova como se estivesse viva — a cabeça pode continuar presa. Limpe a área e contacte o veterinário se ficar algo retido ou se a pele ficar irritada.